16 de maio de 2023, 11:20
Bombeiras relatam suas experiências como mães
Publicado em 11/05/2018
Das 67 mulheres que atuam no Corpo de Bombeiros Militar de Sergipe (CBMSE), 44 são mães, o que representa 65,7% do efetivo feminino. E para parabenizá-las pelo Dia das Mães, comemorado neste domingo (13), a corporação traz aqui alguns depoimentos de profissionais narrando a força e a garra necessária para lidar com o trabalho e a maternidade. Tornar-se mãe acaba mudando a vida dessas mulheres guerreiras que passam para uma dupla jornada – de cuidados tanto com os filhos quanto com pessoas desconhecidas vítimas de acidentes. No quartel, elas dividem-se entre o serviço administrativo e os plantões operacionais do trabalho de combate a incêndio e salvamento.
Patrícia Melo é mãe de dois filhos, uma jovem de 19 anos de idade e um adolescente de 12 anos. Para ela, conciliar a jornada de mãe e profissional não é uma situação tranquila. “Na primeira vez que eu engravidei, ainda fazia parte da Polícia Militar. O retorno ao trabalho após a licença-maternidade não é uma coisa fácil, pois a gente cria um vínculo tão forte com a criança que o retorno à corporação acaba sendo um dos momentos mais tristes da nossa vida. Mas com o tempo a gente acaba se adaptando à situação”, diz a militar.
Patrícia garante que o seu sofrimento foi amenizado pelo fato de deixar os seus filhos sob os cuidados de sua irmã, sentindo-se segura para voltar à rotina do trabalho e deixando leite materno congelado em casa. Entretanto, ela frisa que um dos momentos mais difíceis foi a questão dos plantões noturnos. “Por mais que a gente queira, não consegue ficar 100% tranquila. Porque, a partir da maternidade, nós ganhamos o nosso bem maior. É como se o nosso filho estivesse sem a nossa proteção, mas felizmente contava com o apoio da minha família”, conclui.
A major BM Eva Lílian, mãe de um rapaz de 22 anos e de uma menina de 11 anos, também acredita que conciliar a carreira militar com a maternidade não é tarefa das mais confortáveis. “Quando entrei para a corporação, eu já tinha meu filho mais velho e acabei tendo que abrir mão da companhia dele em várias ocasiões, visando uma ascensão profissional. Isso, para uma mãe, gera um grande conflito interno. Lembro, por exemplo, de não poder participar das festinhas de colégio, por estar de plantão, e acabar priorizando o serviço, em detrimento da minha presença com meus filhos. Mas eles têm um pai presente, que, sempre que eu não podia ir, estava lá me substituindo”, diz.
Assim como Patrícia, Lílian afirma que retornar para a corporação após a licença-maternidade é um momento difícil, sobretudo quando a criança ainda está sendo amamentada. “Eu tinha que estar presente na corporação, por saber da necessidade e da importância do meu ofício. Me marcou muito o primeiro plantão que eu tirei após minha filha mais nova nascer. Eu ainda não tinha conseguido fazer com que ela deixasse de mamar. Então eu pedi a um colega que trocasse de plantão comigo e felizmente ele, muito solícito, aceitou a minha proposta”, ressalta a major.
A cabo BM Dayse Quintela também traz o relato das suas experiências como mãe e militar. Mãe de dois filhos, de 17 e 10 anos, a bombeira diz que, quando entrou para a corporação, já tinha os seus rebentos. Ela recorda que foi convocada a assumir a sua vaga no CBMSE quando ainda estava na maternidade, logo após o nascimento da sua caçula. “No início, foi difícil deixar a filha em casa e vim fazer o curso de formação de soldado, pois, naquele momento, eu só queria ficar os primeiros meses com ela. Mas felizmente contei com o apoio da minha família e consegui contratar uma pessoa para cuidar da minha bebê”, conta.
Dayse salienta que, quando ingressou na corporação, o seu filho mais velho tinha 07 anos e ela teve que se dividir entre uma criança que ainda precisava muito dela, uma recém-nascida e o curso de formação de bombeiros. “Deixei de acompanhar, por exemplo, muitas atividades escolares dos meus filhos. Por diversas vezes, não consegui sequer assistir apresentações de São João ou até mesmo de Dia das Mães”, conclui a militar.
Apesar dos conflitos e dificuldades, as três bombeiras militares são unânimes ao afirmarem que o amor pelos seus filhos e pela profissão supera quaisquer circunstâncias.