16 de maio de 2023, 10:38

Bombeiros encerram atividades da I Semana Salvando Salvadores


Publicada em 27/10/2017

Alimentação saudável, riscos ocupacionais dos profissionais do Grupamento Tático Aéreo (GTA), ergonomia, lombalgias e patologias da coluna. Foram esses os temas debatidos nesta sexta-feira (27), último dia de programação da I Semana Salvando Salvadores. O evento, realizado durante cinco dias pelo Corpo de Bombeiros Militar de Sergipe (CBMSE), reuniu profissionais de diversas unidades da corporação para discutir e propor soluções voltadas à promoção da saúde ocupacional da tropa.

Durante toda a semana, foram realizadas palestras acerca dos cuidados que é preciso ter frente aos riscos operacionais em atividades como resgate, salvamento, combate a incêndio e atendimento pré-hospitalar. Para enriquecer os debates deste dia de encerramento, o nutricionista Washington Paixão ministrou a palestra “Alimentação Saudável Laboral”. Segundo ele, a rotina de trabalho dos bombeiros os expõe a situações que exigem não apenas força, mas resistência, seja física ou cardiorrespiratória, aumentando as demandas nutricionais.

“Algumas situações exigem um nível de concentração absurdo. E quando me refiro à concentração e sistema nervoso também me refiro à nutrição. Os mecanismos de sinalização neural dependem de reações químicas que são ativadas por nutrientes. Então toda a rotina do bombeiro, seja necessitando de concentração, força ou resistência cardiorrespiratória, vai demandar nutrientes”, diz.

O nutricionista também destacou que o trabalho de plantão noturno pode ocasionar uma desorganização metabólica e aumentar a probabilidade de ganho de peso e gordura, falou da importância da qualidade das refeições e do controle da insulina, por meio de estratégias como a ingestão de carboidratos de baixo índice glicêmico e adição de fibras às refeições. O ideal é corrigir a alimentação, diminuindo o carboidrato refinado e aumentando o suporte de antioxidantes, vitaminas e minerais.

“Ao falar de refeições, o ponto mais importante que é preciso focar é a qualidade dos carboidratos que as pessoas ingerem. Quando eu falo de carboidratos, não me refiro apenas aos doces, mas também ao bolachão, ao pão francês e aos biscoitos, que são comidas práticas. Esses são o que chamamos de carboidratos refinados, que facilitam o ganho de peso. Indivíduos que se expõem a uma rotina de trabalho à noite devem tomar cuidado com a alimentação, ou seja, dar suporte de antioxidante, vitaminas e minerais, para que o estresse seja sanado. Quando isso não é feito, os hormônios da tireóide começam a ser agredidos. Quando o funcionamento da tireoide é alterado, a chance de ganhar gordura é muito maior, pois são os hormônios da tireoide que controlam o metabolismo”, explica Washington.

A segunda palestra do dia ficou por conta do major médico da Polícia Militar de Sergipe Rodrigo Bicudo Santana, que falou sobre “Riscos ocupacionais nos Profissionais do GTA”. De acordo com ele, é preciso ter uma vida saudável na carreira, evitando fumo e álcool, praticando atividades físicas regularmente, dormindo bem e se alimentando corretamente. Bicudo explicou sobre o estresse de voo em pilotos e tripulantes, que são submetidos a variadas pressões. A depender da altitude, aumenta o volume respiratório e a dinâmica circulatória, resultando em um retorno venoso prejudicado.

“Os membros do GTA estão sujeitos a problemas de circulação e cefaleia. Isso influencia na saúde do trabalhador na aviação. Alguns pilotos podem suportar até 9 G, mas são treinados para isso. Quando ocorre uma descida ou subida muito rápida, a pressão é tão grande que para a circulação e a pessoa desmaia. Só quando termina o evento da pressão da força G é que regulariza e a pessoa vai voltando ao seu estado normal. A ANAC exige que façamos exames de saúde anualmente. Esses testes são feitos de maneira rigorosa. Qualquer alteração, inclusive oftalmológicas, é investigada. O GTA nunca precisou afastar ninguém de maneira definitiva, isso graças aos exames realizados de maneira periódica e rigorosa”, ressalta o major médico, que também é tripulante operacional.

Os participantes do evento também puderam ampliar seus conhecimentos sobre ergonomia, com a cabo BM Luciana Teixeira. “Trata-se de uma disciplina científica reconhecida na luta pela saúde do trabalhador contra os acidentes e pela melhoria das condições de trabalhos. O objetivo é desenvolver e aplicar técnicas de adaptação do homem ao seu trabalho de forma eficiente e segura, proporcionando maior conforto”, salienta.

 

 

Segundo Luciana, a ergonomia é importante porque otimiza o bem-estar, aumenta a produtividade, corrige a postura e diminui o número de afastamento por lesões. “A correção da postura tem como consequência a diminuição do número de afastamentos do trabalho, principalmente por causa de duas famosas siglas que escutamos constantemente, LER e DORT. A primeira pode acontecer no trabalho ou mesmo em momentos de lazer, gerando uma inflamação de tendões e problemas nos membros superiores. O segundo é o distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho”.

De forma prática, para mostrar a carga extra à qual o bombeiro militar é submetido durante o serviço, a palestrante convidou um voluntário com farda operacional para subir em uma balança antes e depois de usar todas as vestimentas necessárias e portar os equipamentos comumente usados durante um incêndio. O bombeiro, inicialmente com 86 quilos, chega a pesar 111,5 kg após usar roupa de aproximação, botas, luvas, capacete e máscara e portar cilindro de oxigênio e mangueira de combate a incêndio.

“Toda esta carga extra provoca um desgaste em nosso corpo. Devemos olhar para esta situação com cuidado, evitando executar flexão excessiva da coluna. Temos que ter cuidado ao agachar para socorrer uma vítima ou manusear os equipamentos durante a ocorrência. Uma forma errada de curvatura da coluna pode ocasionar lesão. É preciso manter uma postura adequada, flexionando os joelhos e dividindo a carga. Para levantar a vítima em uma maca, por exemplo, o bombeiro agacha e levanta o peso usando o quadríceps, as coxas e os glúteos, sem forçar demais a coluna”, enfatiza Luciana.

Para finalizar o ciclo de palestras da I Semana Salvando Salvadores, a sargento BM Roberta Amora e a psicoterapeuta Beatriz Maria Rocha Amora explanaram sobre as lombalgias e patologias da coluna na realidade do bombeiro. “O bombeiro é um verdadeiro atleta, porém, diferentemente de um atleta, atua de forma imprevisível, sem aquecimento prévio, sem saber qual e quando será seu próximo adversário”, ressaltou Beatriz Amora.

No encerramento das atividades, foi feita uma homenagem à  sargento BM Perla Fontenele, uma das idealizadoras do projeto, e ao sargento BM Cádmo Xavier, além de sorteios de kits de beleza, jantar e estadia em resort.